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Arquitetos: HARQUITECTES
- Área: 1610 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Adrià Goula

Descrição enviada pela equipe de projeto. No terreno onde foram construídas as habitações sociais, destinadas principalmente a pessoas idosas, havia um edifício que fomos obrigados a demolir por estar em muito mau estado, ou seja, não havia possibilidade de conservá-lo. Tratava-se de uma pequena escola em desuso, de três andares, construída com paredes estruturais e lajes de concreto e cerâmica.

O diferencial do projeto foi, portanto, o aproveitamento do material da demolição da antiga escola como recurso para construir o novo edifício, praticando o que poderíamos denominar de mineração urbana: onde os recursos materiais provêm do próprio terreno (urbano) resultante da demolição do edifício pré-existente.

Uma vez concluída a demolição e selecionados os materiais, quase toda a ruína da obra foi aproveitada. Em primeiro lugar, foram despejados os pedaços de elementos cerâmicos e de concreto (140 m3) nos poços da fundação e muros do subsolo semienterrado e, em segundo lugar, todo o arenito (cerca de 160 m3) foi aproveitado para construir grandes blocos (cerca de 3000 unidades) de concreto ciclópico com cimento e cal misturado com arenito reciclado (40% do volume dos blocos), composto por grandes seixos de até 30 cm de diâmetro, brita de arenito e areia (também de arenito). Cada bloco foi cortado com uma grande serra circular e transformado em uma peça de 4 x 4 m2, de tal maneira que as pedras permanecem visíveis nas faces dos blocos.

Os blocos do último andar, com menos carga, são de concreto de cal; nos demais andares, combina-se cal com cimento. Esses blocos de cerca de 135 cm de comprimento, 42 cm de altura e largura variável para cada andar (64, 54, 44 e 34 cm) foram pré-fabricados no término da demolição, antes de iniciar a construção do novo edifício. Com isso, conseguiu-se reduzir consideravelmente a duração das obras.


Os blocos foram empilhados para construir paredes de carga perpendiculares à rua, onde se apoiam os tetos de madeira laminada. Em cada andar, as paredes reduzem 10 cm de espessura permitindo o apoio direto dos painéis de madeira, facilitando a velocidade da execução do conjunto.

Perpendicularmente às paredes principais, paredes de travamento de 13 cm de espessura, construídas com o mesmo concreto ciclópico e provenientes de um bloco de 60 cm de largura cortado em quatro de 13 cm, travam a estrutura de todo o edifício, juntamente com o núcleo de escadas e elevador.



Toda a organização espacial e programática do edifício responde ao sistema estrutural descrito; a composição da planta se organiza com um núcleo de escadas na extremidade, que dá acesso a uma passarela no jardim interno, de onde se acessa cada uma das habitações, todas apartamentos com cômodos de passagem exceto as do subsolo semienterrado que, assim como as do ático, têm metade da profundidade dos andares típicos e utilizam dois vãos estruturais para cada apartamento. Os apartamentos do último andar dispõem de grandes terraços. E em cada andar há algum espaço comunitário (lavanderia, salas de estar, etc.).


A fachada mostra o sistema estrutural: as paredes de blocos pré-fabricados (verticais), que diminuem em cada andar e sustentam os tetos de madeira (horizontais). A composição da fachada de cada apartamento vai do piso ao teto, com janelas de madeira integradas a uma faixa opaca lateral e persianas, que oferecem proteção solar nas orientações leste e oeste.













































